Esses comentários referem-se exclusivamente a “Pagliacci”.
A orquestra toca bem com Stefano Ranzatti, e o vídeo e áudio bluray são nítidos e brilhantes.
No entanto, o desempenho não tem comparação com o que ainda podemos assistir e ouvir no filme antigo de Zefirelli, com suas imagens borradas e cores esmaecidas (mas boa trilha sonora).
Fiorenza Cedolins (Nedda) é o.k. comigo: ela é bonita e aproveita sua bela voz; ela não demonstra a ternura comovente de Teresa Stratas, mas tem, ouso dizer, todo o direito de interpretar o papel de uma maneira feminina mais descolada e atual.
Mas os dois papéis principais do sexo masculino são interpretados de forma sombria por Gabriel Bermúdez (Silvio), que não é nada convincente como amante, e por José Cura (Canio), que canta “Vesti la giubba” como poderia ser cantada por um motorista de caminhão lírico que acaba de descobrir que sua mulher o trai, sem nenhuma das nuances de pathos e ironia exigidas em um palhaço, ou seja, alguém que é homem (como explica o Prólogo), mas também artista.
A cena final em que Canio e Nedda tocam Pagliaccio e Colombina é bem impressionante, mas ainda assim, Cura parece meramente desanimado quando se senta e relembra seu amor por Nedda (“Sperai, tanti il delirio accecato mi aveva …”), como se ele estivesse descansando um pouco de sua raiva machista traída, antes de realmente matá-la no palco.
Um grande contraste com o canto belamente matizado de Plácido Domingo da mesma cena no filme de Zefirelli.
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